sexta-feira, 29 de abril de 2011

Existe um antigo “mito” que persiste na mentalidade das pessoas de que temos o português certo e o português errado, subdividindo os falantes em dois grupos: os que sabem a língua portuguesa e os que não sabem.
De acordo com Marcos Bagno, autor de vários livros e linguista, todo esse preconceito é resultado da má qualidade e da ineficiência do ensino de língua portuguesa nas escolas. Ele diz que, “o ensino da língua parece ter como objetivo a formação de professores de português, já que visa o ensino da gramática normativa, em vez de formar o aluno como usuário competente da língua”. Para ele, “erro de português” não existe.
Um dos livros de Marcos Bagno. é “Preconceito Lingüístico – o que é, como se faz”, um livro que todo professor de português deve ler e ter. Este livro deu início às mudanças mais significativas que fiz em minha prática pedagógica. Durante a leitura pude verificar que eu também tinha alguns “preconceitos linguísticos” e  pior, transmitia esses preconceitos aos meu alunos. Depois, comecei a perceber que o ensino da língua poderia ser mais leve, sem o fardo da gramática normativa.
Segundo Bagno, “erro de português” não existe, e o preconceito na verdade, é social, disfarçado em preconceito linguístico. Ele aponta oito fatores que compõem o preconceito linguísitico. São eles:
  • Mito nº 1 – “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”.
  • Mito nº 2 – “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”.
  • Mito nº 3 – “Português é muito difícil”.
  • Mito nº 4 – “As pessoas sem instrução falam tudo errado”.
  • Mito nº 5 – “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”.
  • Mito nº 6 – “O certo é falar assim porque se escreve assim”.
  • Mito nº 7 – “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”.
  • Mito nº 8 – “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”.

Isabela Moraes - Preconceito Linguístico

quinta-feira, 28 de abril de 2011






Por: Tuanny Monte

Você sabia?

A Língua Portuguesa no Maranhão

É claramente perceptível a variedade linguística existente no Brasil. Isso pode ser constatado, por exemplo, na TV, onde pessoas dialogam usando palavras que para uns soam estranho enquanto para outros já são algo comum. Ao entrar em contato com essa variedade, algumas pessoas logo começam a julgar, de acordo com seus conhecimentos, a língua certa e a língua errada, deixando implícito que existe uma língua padrão que não possui erros gramaticais.
Muitos acreditam que essa língua correta realmente existe e que ela é usada no Maranhão. Sabe-se que isso não passa de mais um mito da língua portuguesa e que foi criado principalmente pelo simples fato de os maranhenses utilizarem o pronome tu seguido dos verbos conjugados na segunda pessoa e terminados em “s”.
Segundo o texto de Fabio Procópio,do blog fabioprocopio.wordpress.com, o fato do Maranhão ter se destacado economicamente no plantio do algodão durante o século XVIII fez com que o estado passasse por uma enorme efervescência cultural atraindo,desse modo, vários artistas e escritores para a capital São Luís. Sendo assim, esse grupo teria mantido o “português” do Maranhão fortemente ligado ao português de Portugal e isso fez com que o modo de falar dos maranhenses se diferenciasse um pouco do modo mais comum.
Essa afirmação do blogueiro só vem a confirmar a teoria que diz que a língua é modificada de tal forma que venha a atender às necessidades de seus falantes (no caso do Maranhão veio a suprir as necessidades dos intelectuais que ali se estabeleceram). Sendo assim, no momento em que os maranhenses sentirem a necessidade de atualizar ou adicionar conceitos ao seu vocabulário eles vão fazê-lo.
Outro fato que pode modificar a linguagem maranhense é o avanço da globalização que tende a fazer com que a língua portuguesa no Brasil comece a se homogeneizar. O acontece nesse estado brasileiro não é algo incomum nem no país nem no resto do mundo. O contato com culturas diversificadas proporcionada pela internet faz com que as pessoas absorvam características de outros grupos e essas características também se refletem na língua.               
O que todos deveriam saber é que apesar de muitas vezes ser a geratriz do preconceito, a variedade lingüística tem por função principal atribuir características próprias à cultura e ao modo de falar de um grupo social e por isso deve ser respeitada independente do vocabulário ou sotaque utilizado por seus falantes, devem também se conscientizar de que não existe língua ou variação linguística que seja superior a outra pois todas correspondem às necessidades da sociedade onde estão inseridas.


Por: Matheus Magalhães

Preconceito lingüístico ou social?

O preconceito lingüístico é conseqüência dos preconceitos sociais. Na maioria das vezes, é exercido sobre as pessoas que sofrem desaprovação na sociedade – o analfabeto, o pobre, aqueles que não têm acesso à escolarização. Essas pessoas são acusadas de falar errado, de não saber falar. Se a pessoa é pobre, a “língua” dela é pobre. Se a pessoa vive numa região considerada atrasada, a “língua” dela vai ser considerada atrasada. São essas as tramas perversas do preconceito.
 Do ponto de vista científico, lingüístico, qualquer maneira de falar tem sua razão de ser, tem suas regras, obedece a uma gramática. Mas, como a sociedade não se organiza em termos científicos, por mais bem estruturada que essa variante lingüística seja, ela vai sempre ser considerada errada, porque não corresponde àquilo que as forças detentoras de poder na sociedade consideram correto ou adequado.

Por: Tuanny Monte